quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Um Conto Sem Nome

J. R. R. Tolkien escreveu o Hobbit, vendeu alguns milhares e viveu razoavelmente bem. Foi-lhe encomendado então O Senhor dos Anéis, que vende horrores até hoje (cultura inútil: é o segundo livro mais vendido do mundo, atrás apenas da Bíblia). E mesmo com esse histórico, morreu deixando "Contos Inacabados", que foram editados por seu filho Christopher Tolkien. Pergunto então, pacientes leitores, que aguardam dois anos por um post novo: se Tolkien, que era um catedrático de Oxford, até hoje aclamado como um dos maiores autores de língua inglesa, pôde deixar material sem finalizar (falta de profissionalismo hein Tolkien?!), porque eu não posso postar aqui um conto que ainda não tem nome?

Explico: na verdade são alguns contos, cada um com seu nome. Juntos eles contam a história de um grupo de aventureiros medievais clássico. O conjunto da obra ainda não tem nome. E a diferença desses contos para uma aventura medieval normal é que cada conto mostra um pouco do psicológico de cada um dos membros, com seus medos e angústias, deixando sempre um gancho para o próximo conto. Pra quem me conhece, foi óbvia a escolha do primeiro personagem: o mago. Então, com vocês,




GRADUAÇÃO (OU “A INSEGURANÇA”)


Era um aprendiz de mago. Estudou durante 10 longos anos na Escola de Magia da Capital, desde que tinha 10 anos de idade e sua família o entregou à Escola para ser treinado. Agora estava se graduando. Em dois dias teria de passar pelos testes finais e finalmente seria um mago graduado.


Durante alguns anos de estudo, pensava que essa seria a época mais feliz de sua vida, pois receberia o título de mago e poderia ir embora da Escola. Imaginava que ficaria feliz pois o ritmo de estudos era muito grande, ainda mais com os serviços que os aprendizes eram obrigados a prestar para a população, para treinar a parte prática da magia. Esse trabalho era exaustivo, extremamente cansativo. Por vezes voltava para a torre de dormitórios tarde da noite, após terminar os trabalhos na Capital, e estudava ainda durante longas horas na torre da biblioteca para as provas a que seria submetido no dia seguinte.


Mas não sentia alegria. Sentia medo, se sentia inseguro. Por dez anos aquelas torres de magia foram sua casa. Aquelas torres de arquitetura antiga, com tijolinhos vermelhos expostos, lhe deram segurança. Sua vida se acomodou ali. Tinha uma cama onde dormir, tinha a certeza de um prato de comida, tinha colegas de turma que se tornaram amigos, tinha professores que se tornaram amigos. E agora, estava na iminência da partida, e sua vida teria que recomeçar.


As expectativas de sua família acerca do seu futuro só pioravam esse sentimento de insegurança. Tinha medo de não corresponder, e por isso se tornar uma vergonha para toda a família. Queria superar seus pais e tios, para lhes dar uma melhor condição de vida. Seu sonho era ser o arrimo da família, mas com 20 anos não tinha patrimônio, tinha apenas conhecimento acumulado ao longe de dez anos de estudo, alguns grimórios, roupas e poucas moedas de ouro que conseguiu economizar com os serviços que prestou como parte do curso.


Além disso, estava inseguro quanto à sua aprovação nos testes finais. Sem a aprovação, não seria um mago, não poderia exercer a profissão para a qual estudou durante dez anos. Seria um inútil para a sociedade, e principalmente para sua família. Tudo isso passava pela sua cabeça enquanto tentava dormir e se acalmar, mas a única coisa que não conseguia agora era se sentir calmo o suficiente para que pudesse se entregar ao mundo dos sonhos. Na verdade, tinha até medo de dormir e ter sonhos premonitórios com sua reprovação, que terminariam de desestabiliza-lo emocionalmente, prejudicando ainda mais o seu desempenho nos testes.


O sono chegou apenas duas horas antes do amanhecer, e aos primeiros raios de sol despertou ainda cansado, mas precisava se levantar. O último dia de aula começaria em algumas horas, e ele não podia faltar para não perder as dicas que o Professor daria, caso o teste para o qual seria sorteado fosse um de combate. Era um excelente aprendiz de magias de combate e destruição. O medo que lhe era inerente não deixava que fosse arrogante a ponto de esquecer o poder do adversário, e sempre entrava em combate respeitando a força do oponente, aproveitando as brechas que esse lhe mostrasse para tentar terminar a batalha com uma magia poderosa que era sua favorita: a bola de fogo.


O Professor era um grande amigo. Teve aula com ele em quatro dos dez anos da Escola, e desde o começo o Professor viu o seu talento para as magias de combate, ajudando-o a desenvolver ainda mais essas habilidades. Assim, a única alegria que tinha no último dia de aula era que este seria passado com seu professor favorito.


O dia transcorreu agradável, com a aula sempre muito bem-humorada do Professor e o clima mais leve que este conseguia trazer para a Escola. Em momento algum o Professor falou sobre os testes finais, o que lhe deixou mais aliviado, pois lhe deu a oportunidade de esquece-los por algum tempo, deixando seu sangue correr normalmente por suas veias e sua respiração voltar à velocidade normal. No fim da tarde, com o término da aula, saiu para um passeio pelo campus.


As torres de tijolinhos expostos já lhe davam saudade, só em pensar de sair de lá. As escadarias de algumas delas foram locais de encontros prazerosos com os amigos, onde conversas intermináveis sobre os mais improváveis assuntos corriam tarde adentro. Nestas escadarias costumava estudar também, sentado em seus degraus, com os grimórios no colo, sempre auxiliado pela melhor aluna de sua turma, que veio a se tornar uma de suas melhores amigas. O talento dela para a magia era inegável, sendo excelente em todas as suas áreas. Conjurava animais com a mesma facilidade que conversava com os mortos ou explodia paredes com bolas de fogo. Era admirada por todos os professores, amada pela maioria dos alunos, e invejada pelos demais. E ele tinha a sorte de tê-la como amiga, pois era uma companhia agradabilíssima. Em alguns momentos chegava a pensar se ela realmente existia.


Era incrível como lembrar do passado fazia o tempo passar mais rápido, talvez como um sinal para que a pessoa se lembrasse de viver o presente. O que para ele foi apenas um curto momento em que se divertia com boas lembranças, se mostrou o equivalente a uma hora de areia na ampulheta do dia. Já estava escuro, e a noite jogava suas primeiras sombras no campus. Precisava ir para a biblioteca relembrar alguns trechos das matérias para o teste final.


Enquanto caminhava para a torre da biblioteca, viu a movimentação dos novos alunos, que terminavam o primeiro ano de estudos. O desespero e nervosismo eram claros nos seus rostos, pois as provas finais do primeiro ano iriam começar amanhã também. Viu-se no rosto desses meninos, pois já passara por isso, já havia sido um aluno de primeiro ano. Logo eles veriam que o primeiro ano era simples, que o pior ainda estava por vir, e que o melhor que tinham a fazer era aproveitar as amizades e o tempo que estavam passando ali dentro, pois este um dia acabaria.


Na biblioteca cumprimentou o Bedel, que há 50 anos trabalhava na Escola. Ele viu passarem por lá os maiores magos do mundo, e hoje era seu amigo. Nunca havia deixado de lado sua humildade. Foi convidado por diversas vezes para integrar o quadro de professores da Escola, mas o seu prazer era auxiliar os alunos, e diariamente cumprimenta-los na porta da torre de aulas.


- Não precisa ficar nervoso. Você é capaz de tudo. Amanhã será seu grande dia rapaz, e logo você se lembrará desse nervosismo com um sorriso no rosto, aquele sorriso que só quem já superou desafios pode dar. – disse o Bedel.

- O que? – perguntou, distraído.

- É amanhã não é? O seu teste final! – disse empolgado o Bedel.

- Ah sim, é amanhã. Minhas roupas estão caindo. Perdi peso de tanto nervosismo e horas de estudo seguidas. – respondeu.

- Não precisa disso. Você é de longe um dos mais bem preparados que já vi aqui. Lógico, não perca o medo, não se torne arrogante achando que é insuperável e que por isso nada pode lhe atrapalhar. Mas não deixe que seus medos diminuam seus sonhos, pois eles são a sua medida. Você é do tamanho dos seus sonhos. – retrucou com sabedoria o Bedel.

- Obrigado pelas palavras. Agora se me permite, preciso dar uma última recapitulada em algumas matérias, nem que o efeito deste estudo de última hora seja apenas psicológico.

- Claro, pode ir. Se precisar de alguma coisa, sabe onde me encontrar e sabe que pode contar comigo. – respondeu o Bedel com um sorriso de companheirismo no rosto.


Quando monstros que destruíram a antiga Capital tentaram invadir a dimensão paralela da Escola, o Bedel foi quem defendeu os alunos, e os coordenou naquela noite que ficou conhecida como “O Verdadeiro Teste Final”. O Bedel reuniu os alunos do décimo ano e junto com eles traçou uma estratégia de combate que se mostrou mais eficiente que as defesas da Escola. Depois disso, o Bedel recebeu todo ano convites para ser o novo professor de Magias de Combate, mas negava tais pedidos com educação ano após ano.


Passou as primeiras horas da noite estudando na biblioteca, e quando esta iria fechar, foi para seu quarto, na torre de dormitórios. Lá continuou estudando até pegar no sono. Combate, necromancia, conjuração, todas as matérias. Acordou com o sol nascendo e a luz entrando pela janela.


Tomou um banho rápido por causa do calor e para ajudar a acordar, colocou sua melhor roupa, e seguiu para a torre de aulas práticas, onde realizaria seu Teste Final.


“Apresentem-se Alunos do Décimo Ano. Apresentem-se perante a banca de examinadores. Apresentem-se perante a Deusa da Magia, e a reverenciem. Hoje sairão daqui Magos, ou retornarão para a Escola para mais um ano de aulas. Acreditamos que estão todos muito bem preparados, mas não podemos deixar de lhes aplicar o Teste Final. Aquele que nos mostrará quais de vocês estão preparados para a vida sob pressão que é a de um Mago. Vocês não tiveram tempo durante esses dez anos para desenvolver seu físico, e assim são frágeis de saúde. Na linha de frente de um combate, não são tão úteis. Entretanto, aprenderam conosco a pensar e a dominar forças da natureza, e isso é ser mais forte do que qualquer homem de armas jamais sonhou. Nos mostrem agora o valor de dez anos de estudos ininterruptos. Nos mostrem agora o real valor de um mago diante do perigo”.


Com esse discurso do Reitor, iniciaram-se os Testes Finais. Cada professor levava um aluno para uma sala especialmente preparada. E ele aguardava para ver qual professor o levaria. Quando viu o professor de necromancia vindo em sua direção, tremeu. Era um excelente aluno de necromancia, mas temia o orgulho que tal professor tinha em ser o mais temido da Escola.


- Venha comigo. Quero ver do que é capaz em seu Teste Final. – disse o professor de necromancia, lhe indicando o caminho de uma sala.


O caminho da sala parecia o mais longo que já havia andado em sua vida. Suas pernas tremiam, suas mãos estavam molhadas de suor, e ele as esfregava constantemente no manto para secar. Mas era o mesmo que enxugar gelo. Tão logo ele as esfregava, elas novamente estavam suadas.


- Respire fundo rapaz. Guardei para você alguns de meus mais preciosos filhos. Entre na sala, e sobreviva. – disse o professor com um sorriso no rosto.


Entrou, e o professor bateu a pesada porta atrás dele. Estava escuro, não conseguia enxergar nada dentro da sala. Sabia que ela estava cheia de olhos arcanos que transmitiam a uma bola de cristal imagens do que ele estava fazendo lá dentro. Lançou uma magia de luz, e um globo brilhante saiu de suas mãos, indo repousar no centro da sala.


Enquanto o globo se deslocava até o centro da sala, pôde ver quem eram os filhos do professor. Mortos-vivos. Espalhados por toda a sala. Zumbis, carne putrefata presa em ossos poeirentos. Suas armas eram garras e dentes.


Mas não eram aqueles zumbis que ele costumava criar como parte das aulas de necromancia. As garras e dentes desses eram maiores, alteradas. Sabia que havia um limite para a dificuldade do Teste Final, e certamente o professor de necromancia chegou ao limite com seus zumbis.


Inicialmente a luz do globo os assustou, mas logo eles estavam acostumados, e começaram a se movimentar em sua direção. Medo. Tudo passava por sua cabeça. Sabia que não morreria ali dentro, mas não esperava um teste tão difícil, que lhe exigisse tanto para a Graduação. Sabia que poderia fazer o teste de novo depois de um ano, mas não queria ser uma vergonha para sua família, um fardo por mais um ano sustentado por seus parentes.


Tentou evitar levar o pensamento até a família para se concentrar no teste. Alguns zumbis já estavam a três metros dele, e precisava se proteger.


Lançou magias de proteção inicialmente, para defende-lo dos ataques. Mas logo viu que seria inútil, pois se o agarrassem, um dia as magias acabariam. E, como um dos melhores aprendizes do Professor de magia de combate, resolveu atacar.


Eram ao todo 10 zumbis dentro da sala. Três já estavam muito próximos, e ele movimentou o ar, arremessando-os na parede. O barulho de ossos velhos partindo foi nojento, mas ao menos os zumbis não conseguiram mais se levantar.


Sete zumbis, e ele tinha mais duas magias memorizadas para lançar. Não conseguiria mais que isso sem cair desmaiado no chão. Precisava pensar. Mas não tinha tempo.


Uma das magias era sua favorita: bola de fogo. Conseguiria acabar com todos os zumbis ao mesmo tempo se acertasse, pois eles eram sensíveis a alta temperatura. A carne podre exalava gases que ajudavam a incendiá-los mais rapidamente.


O único problema era que a outra magia que ele havia memorizado era a flecha de luz, que atingiria somente um zumbi, e nem era certeza que isso o derrotaria.


Quatro zumbis avançavam em sua direção, enquanto outros três ficavam próximos ao globo de luz, tentando criar sombras na sala para atrapalhar a visão. E conseguiam fazer isso com maestria. As sombras da luz bruxuleante do globo davam um ar fantasmagórico à sala. E faziam com que o movimento dos zumbis parecesse ainda mais rápido. Era como se eles andassem sem movimentar os pés, simplesmente aparecendo cada vez mais perto.


Chegaram à distância limite. Se conjurasse uma bola de fogo a uma distância menor que aquela, seria também atingido pela explosão. Sem alternativa, lançou a magia.


A bola de energia explodiu em chamas no peito de um zumbi, que voou em pedaços. Braços, pernas, cabeças em chamas voando pela sala. Os outros três zumbis do globo de luz viram o estrago, e, distraidamente, esbarraram no globo.


O contato com a energia positiva fritou as mãos dos zumbis, e nessa hora ele se lembrou dos ensinamentos do Professor: energia positiva serve para iluminar, mas também para destruir seres de energia negativa, e, nada mais negativo que zumbis e seres criados por magias necromânticas, que privam nossos semelhantes do descanso eterno.


A flecha de luz era o que ele precisava para dar fim ao Teste Final. Se tornaria um Mago afinal. Luz, com luz, geraria uma explosão incontrolável, matando de uma vez os três zumbis faltantes. O choque de magias poderia feri-lo, mas nada que uma magia de cura de um clérigo não fosse suficiente, ele pensava.


Conjurou. A flecha de luz partiu. A luz que emanava dela criava mais sombras na sala. O caminho percorrido não era longo, mas o tempo parecia uma eternidade. A eternidade que o separava do título de Mago, que o separava da alegria da família. Que o tirava de uma vez por todas de dentro da Escola de Magia da Capital.


A flecha se chocou com o globo. A luz cresceu rapidamente, piscando, seguida de um estrondo ensurdecedor que ecoou pela sala. Tentou se manter de pé, apesar da pressão do ar deslocado pelo estrondo. Era como se sentisse a luz atravessando seu corpo, a energia positiva. Isso o deixava feliz, pois via que era uma pessoa boa, uma vez que se fosse maligno, agora estaria também sendo queimado pela energia da magia em choque.


O estrondo passou. A luz apagou. Novamente a sala estava às escuras. Não ouvia o som de zumbis arrastando os pés. O silêncio o estava deixando agoniado. Até que ouviu o som de uma chave no trinco. Atrás de si veio a luz de fora, e a sombra do professor de necromancia:


- Muito bom. Utilizou bem as magias que são seu ponto forte, e demonstrou excelente carga de conhecimentos acumulados ao longo da faculdade, além de integração entre matérias diferentes. Está de parabéns, e eu, orgulhoso por ser aquele que lhe pôs a prova.


Três dias depois ainda não acreditava que estava graduado. Finalmente era um Mago, após dez longos anos. E agora faltava apenas uma semana para que tivesse que recolher seus poucos bens do dormitório para ir embora.


Estava desempregado, como a grande maioria de seus colegas. Alguns poucos, de família abastada, já ingressariam no Conselho de Sábios das Cidades ou Vilas onde moravam. Outros já assumiriam os negócios dos pais, que eram renomados magos. E, sua amiga que era a melhor aluna, foi convidada para ingressar na Escola de Conselheiros Reais, a instituição de ensino mais concorrida do mundo, pois aqueles magos que lá continuavam seus estudos eram considerados os maiores sábios do mundo.


Não sabia agora o que fazer. Precisaria procurar emprego em alguma torre de magia como mago recém-formado, tendo um currículo já razoável para exercer qualquer função. Mas sabia como isso era difícil, como precisaria de indicação de algum mago famoso pra conseguir trabalhar em uma torre renomada.


Enquanto arrumava suas coisas, bateram na porta de seu quarto.


- Pode entrar, está destrancada. – disse.


Ficou confuso ao ver entrar pela porta o Professor.


- Professor, o que faz aqui? Não deveria estar aplicando os testes finais nos outros alunos? – perguntou.

- Não, pedi licença hoje por motivos pessoais. Preciso ajudar um amigo que está em apuros. – respondeu calmamente o Professor.

- Está falando sério Professor?! Precisa de ajuda? Vamos logo ajudar esse seu amigo! – respondeu ansioso.

- Meu amigo está aqui, na minha frente. E os apuros que passa são frutos de sua imaginação, que está aumentando o tamanho de seus problemas. Conversei com o Bedel e soube que você tem medo de seu futuro, de ficar desempregado. Realmente acha que um mago que passou tão habilmente pelo Teste Final pode ficar desempregado? Um mago de combate tão valoroso quanto você encontra trabalho em qualquer exército! Você poderia facilmente liderar a tropa de magos do Exército Real!

- Não sei Professor, não me sinto tão preparado para a vida lá fora. Acomodei-me aqui dentro. Acostumei-me à vida acadêmica e à proteção que as paredes de tijolinhos expostos das torres da Escola nos transmite. – assumiu para o Professor.

- Deixe de bobagem. Eu lhe monitorei enquanto realizava os trabalhos obrigatórios na Capital. Você foi elogiado por todos os magos com quem trabalhou, pela mente prática e pela capacidade de lançar mais magias do que estudantes do mesmo ano. Ainda assim acha que não conseguirá emprego e viver lá fora?

- Acredito que conseguirei alcançar meus sonhos Professor. Quero ser professor da Escola também, mas sei que para isso preciso de um conhecimento prático maior do que o que tenho hoje. Preciso viver lá fora, acumular não apenas conhecimento, mas também sabedoria. Quero chegar onde hoje o senhor está Professor. Quero a cadeira de Magia de Combate da Escola.

- Para isso o ideal é viver a mesma vida que eu. Seja um aventureiro, viaje pelo mundo fazendo o bem. Acumule riquezas, faça amizades. Volte para a Escola daqui alguns anos, e terei prazer em ser substituído por você.

- Professor, o senhor fala como se fosse fácil! Como eu poderia ser um aventureiro!? Não conheço ninguém fora dos muros da Escola além de magos! Nunca conseguiria entrar em um grupo de aventureiros viajantes!

- Esse é um dos motivos pelo qual lhe disse que precisa fazer amizades, para expandir seus contatos, se tornar conhecido. E não é porque conhece apenas magos que não conseguiria um grupo de aventureiros para acompanhar. Esquece que eu mesmo já fui um aventureiro? Ande, arrume suas coisas. Você parte em viagem com um grupo de aventureiros daqui dois dias. Um de meus amigos de viagens da época em que tinha a sua idade hoje trabalha recrutando aventureiros iniciantes para realizar pequenos trabalhos nos vilarejos. Aventuras como exterminar grupos de monstros que atacam regularmente vilas e vilarejos, problemas que são grandes para os moradores, mas que são pequenos demais para que se envie o exército até lá. Um início excelente, e precisavam de um mago recém-formado para completar um grupo que parte depois de amanhã. Meu amigo me pediu para indicar o melhor aluno que tivéssemos, e lógico que esse é você. Junto com você partirão em viagem um guerreiro um pouco mais experiente, que morava no Vilarejo e já foi mercenário, um clérigo anão, um bardo elfo arqueiro e um bárbaro das Montanhas. Parabéns, agora está empregado.


Lágrimas tomaram seus olhos, ele não acreditava no que o Professor havia feito por ele. Abraçou longamente o Professor, que em dez anos de estudos se tornou seu melhor amigo, mais amigo até do que os magos de sua idade. E agora graças a ele estava empregado, tinha um mundo de aventuras pela frente. Já conseguia imaginar as bibliotecas que encontraria, as pessoas que conheceria, os monstros que enfrentaria e o poder que acumularia nesses anos de aventura que se descortinavam a sua frente.


E tudo isso começaria em menos de dois dias...

5 comentários:

Wil disse...

E assim nasce Leomund Von Straten! O maior mago do Reino ( que tempos mais tarde lançou aquela mesma bola de fogo no meio de dois exércitos em combate corporal...).

Tá ótimo o conto, Théo! Agora faltam um paladino, um guerreiro elfo, um guerreiro anão (que jurava que tinha um avô caçador de dragões), um clérigo expert em banquetes no meio da selva e alguns elfos negros. Quero ler os próximos capítulos! *__*

Théo, Theobaldo, Theotonio, Theófilo... disse...

Não é o Leomund não Will! Não to recontando a história do grupo nem nada, é um conto novo mesmo, que eu comecei escrevendo de trás pra frente (o primeiro capítulo que escrevi foi o quinto e último, que acho que é o melhor conto que eu já escrevi).

Pra não gerar discussões, nada no conto tem nome, como vc viu a Cidade chama Cidade, a Capital chama Capital, o Vilarejo chama Vilarejo, e por aí vai... Descrevo pouquíssima coisa, pra deixar as pessoas imaginarem, até porque o importante neles vai ser o psicológico mesmo.

Mas valeu! Bom que vc gostou!

Luciano PR disse...

Vc chegou a fazer alguma modificação desde a versão q vc me mandou??

agora é esperar os próximos xD

o que me lembra que agora eu que estou atrasando um certo conto ....

Théo, Theobaldo, Theotonio, Theófilo... disse...

Pouquíssimas alterações Willow, só corrigi uns erros de português e tirei umas palavras repetidas, nada demais...

Semana que vem posto o próximo! Vieram umas idéias aí, acho que acabou o bloqueio criativo!

Wil disse...

Acho que é a abstinência de RPG que faz isso com a gente...

Falei do Leomund porque ele adorava uma bola de fogo! Aqueles personagens foram OS personagens. A gente tinha que revivê-los um dia desses numa mesa de jogo.

Bom ver você escrevendo de novo, fii!