sábado, 25 de outubro de 2008

Lenda Urbana - Um pouco de história

Saímos da Torre do Banespa. A menina loira se apresentou como Bruna. Talvez pelo excelente papo e por ser xará de duas amigas que gosto muito, logo estava conversando com ela como se a conhecesse há mais tempo.

"Antes de tudo, me conta porque que nós precisamos lutar? Porque aqueles que têm os guarda-chuvas quadriculados de azul escuro e amarelo-esverdeado lutam entre si?"

"Não é bem assim Théo. Por exemplo, nós dois não precisamos lutar, estamos do mesmo lado. Nós defendemos a mesma causa. Nós defendemos os mendigos."

Não sabia o que perguntar diante dessa resposta. Mas precisava continuar o assunto.

"Defendemos os mendigos do que? Porque contra o baiano eu lutei e contra você não preciso?"

"Defendemos os mendigos dos vilões. O baiano era um que defendia os vilões. Aliás, meus parabéns. Normalmente os novos portadores são treinados antes do primeiro combate, e você venceu o seu primeiro sem nenhum treinamento, e contra um adversário digno de nota. O baiano já havia retirado de nossas fileiras alguns valorosos portadores."

A história cada vez se complicava mais, e eu torcia para entender alguma coisa.

"Quem são os vilões Bruna?! Como você entrou nessa vida? Como eu me tornei um desses portadores?!"

"Bom, não posso lhe responder isso. Thamis disse que seria complicado falar com você sobre isso, e ele preferia lhe contar a história toda. Bom, chegamos ao nosso destino."

Não havia percebido, mas a conversa com Bruna me tirou toda a atenção do itinerário. Pegamos um metrô e um ônibus. E desembarcamos diante daquele lugar que eu vejo todos os dias de dentro do ônibus quando vou para a faculdade: o Castelinho da Rua Apa.

Local de lendas urbanas paulistanas, fantasmas e cenário de um crime. Uma família riquíssima, mãe e dois filhos, no dia 12 de maio de 1937, foram encontrados mortos a tiros na casa da família: o Castelinho. Nunca encontraram os culpados, e até hoje o Castelinho está abandonado. Ou não, pelo que eu podia ver agora.

Havia movimento dentro do Castelinho, vida. Pessoas circulando lá dentro, e cartazes de peças teatrais. Provavelmente algum grupo de vanguarda, ou góticos.

"Vamos, Thamis está lhe esperando."

Entramos no Castelinho. Nunca pensei que teria coragem de fazer isso, mas eu precisava de respostas. Sei lá, não acredito em fantasmas, mas é melhor não brincar com essas coisas. 

Subimos um lance de escadas quebradas, empoeiradas e chegamos a um quarto. No centro do quarto, logo reconheci a figura. Um mulato alto, magro, de cabelo black power amassado de um lado, limpo, vestido com roupas velhas, sentava-se como que meditando sobre um tapete persa imundo. Era ele, Thamis, exatamente igual à última vez que o havia visto.

"Entre portador, estava esperando mesmo por você. Espero que Bruna tenha lhe atiçado a curiosidade. Nas poucas vezes que nos encontramos, pude ver que isso não é tarefa difícil." - disse Thamis, com um sorriso no rosto.

"É Thamis, estou bem curioso. E acho que poderia começar me contando sobre mendigos e vilões..."

Thamis abre um sorriso.

"Logo se vê que não estou falando com qualquer um. Escolheu bem o assunto que norteará nossa conversa. Pois bem. Dizem que a profissão mais antiga do mundo é a prostituição, e eu lhe digo se isso for verdade, a segunda mais antiga é a mendicância, pois após o prazer sexual, acho que não há para o homem prazer melhor do que limpar a consciência fazendo o bem para alguém. Esse princípio norteia as religiões ocidentais desde a queda do Império Romando do Ocidente. Com a perda de poder, os romanos resolveram aderir ao cristianismo como forma de trazer paz ao império, evitando conflitos com os povos cristãos. A ascensão da Igreja Católica Apostólica Romana trouxe consigo o voto de pobreza para alcançar a paz espiritual, e trouxe também a piedade. Com isso, os outrora pobres e miseráveis, agora eram mendigos, objetos da misericórdia dos abastados."

"Interessante, mas ainda não entendo onde eu entro nessa história..."

"Calma portador, como um apaixonado por história, você tem que ter paciência... Bom, acontece que sempre houveram os bandidos no mundo, e eles aproveitaram essa nova mentalidade para se disfarçar de mendigos e assaltarem aqueles que davam esmolas. Isso seguiu sendo um incômodo para nós até a derradeira queda do império. Com o início do feudalismo, os bandidos migraram para locais que lhes dariam mais dinheiro ao invés de permanecer nos feudos, e foram embora para os burgos ou vilas. Por morarem fora dos feudos, receberam o nome de vilões, e são chamados assim até hoje. Porém, não mudaram nunca o seu disfarce de mendigos para assaltarem, o que nos prejudica! Nós mendigos precisamos das esmolas, e eles nos atrapalham."

"Entendo, mas quem são os portadores nessa história?"

"Os portadores começaram como defensores dos mendigos, matando os vilões. Eram pessoas de bem, que resolveram fazer justiça com as próprias mãos. No começo usavam floretes, armas leves que todos os cidadãos carregavam, era até um adorno. Mas aos poucos os vilões começaram a caçá-los. E também, com o passar do tempo ficou cada vez mais difícil para os portadores andarem armados. Assim, tudo parecia perdido nessa guerra secular."

"Mas vocês deram um jeito com os guarda-chuvas... Agora começo a entender..."

"Não, na verdade demos um jeito ainda quando eram floretes. Os vilões conseguiram matar alguns de nossos portadores, e então começou essa guerra. E pior, para chacinar cada vez mais portadores, eles conseguiram com uma magia de um bruxo medieval, que a cada portador dos floretes que um vilão matasse, ele absorveria parte da alma do portador, e com isso se tornaria mais poderoso. Não pudemos ficar atrás, e fizemos a mesma coisa. Daí vem o lema que você já ouviu dentro de sua cabeça: só pode haver um."

"E os guarda-chuvas entram onde nisso?" - perguntei eu, achando um tremendo plágio essa idéia de absorver almas... Onde mesmo que eu havia visto isso?

"Com a proibição das armas, tivemos que encontrar outra arma, e também, hoje em dia não daria para matar os vilões e sumir com suas almas. Por isso, começamos a vender guarda-chuvas com a mesma magia dos floretes, e assim, a cada luta que um portador vence, ele tira das ruas um vilão, e rouba parte do seu poder quando retira um retalho do guarda-chuva destruído."

"Então entrei nessa história por um mero acaso?"

"Não Neo, você é o escolhido das profecias... Aquele que trará o equilíbrio aos dois lados dessa guerra..."

"Théo, meu nome é Théo, e não Neo..." - respondi eu, sentindo cheiro de plágio maior ainda... Onde já havia visto essa história de equilíbrio, profecia... E principalmente o nome Neo?!

Nesse momento uma coisa me vem à cabeça: Thamis nunca falou português!

"Pergunta pertinente essa portador, e não precisa perguntar como eu escutei se você nem ao menos perguntou... Eu morri num combate contra o maior de todos os vilões, aquele que só você poderá vencer. Por isso posso falar qualquer língua para facilitar seu entendimento. Estou aqui em espírito para treiná-lo."

Diante da revelação sobre a profecia, do medo que surgiu por falar até agora com um espírito e do plágio cada vez mais óbvio de todos os lados dessa história, resolvi desmaiar.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Lenda Urbana - E agora?

Desde que venci o baiano, deixei o guarda-chuva encostado no mesmo lugar. Tive medo de andar carregando e ser reconhecido. Trabalhei e estudei por dois dias, mas não conseguia esquecer tudo o que me aconteceu na segunda-feira. Hoje, quinta feira, acordei e resolvi não ir para a faculdade e para o escritório. Eu precisava pesquisar e descobrir o que havia me tornado.

Wikipedia. Minha primeira fonte de pesquisas se mostrou de pouca ajuda. Odeio utilizá-la, tem artigos vazios, de pouca confiabilidade. Mas é útil para encontrar certos termos que ajudam em outras fontes de busca.

Google. Nada também.

Eu teria que apelar. Precisaria consultar conhecimentos obscuros. Livros esquecidos, empoeirados e amarelados.

Eu iria até a Biblioteca Municipal Mário de Andrade consultar a Enciclopédia Barsa.

Para chegar lá precisaria pegar um ônibus e metrô. Da estação Marechal Deodoro iria até a estação Anhangabaú, e de lá andando até a Biblioteca. Não sei porque, mas achei melhor levar o guarda-chuva dessa vez.

Com o remendo do guarda-chuva do baiano ele começa a me lembrar uma calça de caipira de festa junina. Mas é o meu guarda-chuva, e o tempo está nublado. Ponho uma capa plástica branca nele pra disfarçar, penduro uma alça na capa e passo ele por cima do ombro. Carteira no bolso, Bilhete Único no outro, chaves de casa no outro, celular no outro. To pronto.

Pego o ônibus por volta de 9 horas da manhã, incrivelmente ele está vazio. Normalmente a essa hora o movimento de idosos é grande.

Desço alguns metros a frente da estação Deodoro. Embaixo do Elevado Costa e Silva. Acho engraçado chamar o Minhocão de Elevado Costa e Silva, me lembra a Corrida de São Silvestre, que é o único momento do ano em que chamam o Minhocão pelo nome certo.

O Minhocão é um viaduto, e odeio passar embaixo de viadutos. São lugares degradados, sujos, e normalmente perigosos. Mas não tem jeito, preciso andar um pouco para chegar até o metrô.

Os mendigos que moram ali embaixo e normalmente me abordam (acho que tenho uma cara de bonzinho muito convincente, eles só não me pedem dinheiro quando tem alguma velhinha também), hoje me olham a distância. Olhares cheios de respeito me acompanham de longe. Acho estranho, mas prefiro assim. Não estou num dia bom para esmolas ou papos, apesar de acreditar que a solidão e desprezo pelo qual os moradores de rua passam lhes dê uma percepção do mundo muito melhor que a nossa. Alguns mendigos são sábios. 

Um dia encontrei um mendigo que falava inglês. Não sei quantos de vocês já me ouviram contar essa história, mas o conheci na Rua da Consolação, no ponto de ônibus bem em frente ao Mackenzie. Ele veio falando comigo em inglês, e logo achei que era algum golpe novo na praça, que ia ser assaltado, e me afastei.

Encontrei ele uma segunda vez no Metrô Sta. Cecília, e aí batemos um papo. Ele me disse que seu nome era Thamis. Me chamava de Sir, porque eu estava vestindo terno e carregava um guarda-chuva preto como se fosse uma bengala. Ele era de um país da América Central, e veio para o Brasil dar aulas de inglês. Mas não conseguiu, e vivia nas ruas, conseguindo poucas esmolas porque ninguém entendia seu inglês e espanhol... Só vi Thamis mais uma vez, e ele estava deitado na porta de um supermercado, enrolado num trapo velho. Eu estava dentro do ônibus, e quase desci para ajudá-lo, mas estava atrasado para a aula.

Entrei no metrô. Vagão cheio, também pudera, a Linha Vermelha é sempre lotada. Desci rápido, a Estação Anhangabaú. O percurso a pé também foi muito rápido, e em poucos minutos eu estava na Biblioteca Municipal Mário de Andrade.

Perdi duas horas na biblioteca. Ao que parece não existem livros sobre uma seita de portadores de guarda-chuvas quadriculados. Comecei a achar que estava ficando louco, mas o remendo no guarda-chuva provava minha sanidade mental.

Preciso espairecer. Resolvo ir até a Torre do Banespa, a vista me relaxa, e é uma boa caminhada até lá. Ipod bombando um Strokes no ouvido. "Hard to explain". Rock me faz pensar melhor.

São 13hs. A fome aperta e ainda não cheguei. Resolvo esticar até a Sé e ir almoçar no Asia House. Comida japonesa a quilo, preciso de comida leve, pesada me dá sono, e aí nada de pensar.

Duas e meia da tarde eu estou na porta do prédio do Banespa. A torre tem 161 metros de altura. É a melhor vista de São Paulo, não por ser o prédio mais alto, mas por ser ter uma localização mais alta geograficamente falando. O local de observação é um posto circular, como um farol de praia. Cabem umas 15 pessoas.

O grupo que vai subir comigo é de estudantes de colégio. Capetas. Demônios. Mal educados e barulhentos. Odeio adolescentes mal educados, talvez por que tenha sido um adolescente atípico. 

No fundo do grupo vejo uma menina loirinha se afastar. Tem 16 ou 17 anos, e lê avidamente um livro que só tive o prazer de conhecer há pouco tempo. "A Cidade Antiga", de Fustel de Coulanges. Admiro-a pelo bom gosto literário, e pela sua diferença dos colegas de turma.

Subimos os elevadores até lá, esperamos a descida do grupo anterior do topo, e pronto. Nossa vez.

Vou direto para o local de onde posso ver a Praça da Sé inteira. Não que eu queira ver a Catedral, apesar de achá-la linda. Queria ver a fachada recém restaurada do Palácio da Justiça. Mal de estudante de direito, provavelmente.

Fico observando por algum tempo, e a algazarra dos adolescentes me dando raiva, até que começa a chover. Dou graças a deus por aquelas pestes saírem de lá. Abro o guarda-chuva e fico ainda observando por uns 10 minutos o Palácio.

Quando resolvo ir embora, vejo a menina loira do outro lado da torre. Segurando um guarda-chuva igual ao meu. Mais uma vez eu sei que só pode haver um.

"Calma portador, não precisa fechar seu guarda-chuva ainda. Estou aqui para lhe dar as boas vindas e algumas respostas. Thamis me enviou".

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Lenda Urbana - Só pode haver um...

Não sei quantos dos meus leitores sabem do caminho que eu faço do escritório pra casa, então vou explicar pra deixar mais clara essa história. Eu pego o primeiro ônibus numa rua chamada Chedid Jafet, desço na Av. Brigadeiro Faria Lima próximo ao Largo da Batata e lá pego o segundo ônibus pra vir até em casa.

Hoje, quando desci do primeiro, o tempo estava meio chuvoso e abri meu guarda-chuva. Quem me conhece sabe que odeio guarda-chuvas pequenos, porque não comportam eu e a minha mochila. Meu guarda-chuva é daquele que os camelôs vendem por 10 reais na porta do metrô. Quadriculado de azul escuro e amarelo esverdeado.

Fui caminhando do ponto do ônibus em direção à ruela estreita que existe ao lado do Supermercado Futurama. A ruela hoje estava movimentada, graças a Deus. Odeio passar por ali quando está deserto. E fui caminhando, por aquele atalho até a Rua Teodoro Sampaio, onde pego o segundo ônibus.

No ponto onde a ruela se abre numa rotatória para receber uma outra ruela que passa nos fundos do Futurama, eu o vi. Parecia que esperava por mim.

Eu desviava o olhar. Ele estava do outro lado da rotatória, no caminho onde eu precisava passar para chegar ao próximo ponto de ônibus. Não sabia porque me encarava. Quando levantei os olhos entendi. O guarda-chuva dele era igual ao meu...

Dois guarda-chuvas quadriculados de azul escuro e amarelo esverdeado.

Por um momento que pareceu durar uma eternidade eu olhei em seus olhos, e sabia que ele pensava o mesmo que eu: só pode haver um.

Fechei meu guarda-chuva e deixei as gotas da garoa escorrerem pelo meu rosto e sumirem em meu paletó. Ele fez o mesmo, mas tinha a vantagem de vestir uma jaqueta de couro marrom. Estava bem surrada, mas pelo menos a água não lhe pesava. Em sua cabeça, um chapéu velho, faltando um pedaço em forma de triângulo na lateral. 

Enrolei o guarda-chuva e prendi com o velcro para que não ficasse solto, e ele fez o mesmo. Percebi com todos meus nervos que o combate estava para começar. O cheiro de batalha permeava o ar. E os pedestres que por ali passavam percebiam isso, e evitavam cruzar nossos olhares. Alguns chegaram até mesmo a parar no boteco próximo, embaixo do toldo, pedir uma coxinha e um croquete e observar os dois portadores dos guarda-chuvas quadriculados...

Eu não sabia o que acontecia comigo. Parecia que estava dominado por alguma entidade que não era eu. Tinha plena consciência disso, mas tudo o que eu queria era resolver o problema. Dessa luta, apenas um guarda-chuva sairia.

"Estive lhe esperando por uma hora meu rei. Perdeste o ônibus, foi?"

Baiano. Não pensei isso como preconceito ou xenofobia, até porque baianos em São Paulo são muito mais comuns do que cariocas, então eu era mais forasteiro do que ele nesta terra de asfalto e vidro. Poucos sabem, mas São Paulo é a cidade do Brasil que tem mais baianos depois de Salvador.

O momento de reflexão terminou com uma constatação assustadora. Ele me conhecia! Sabia o caminho que eu faria naquele dia! Eu não poderia lhe dar uma chance de sobreviver, ou ele me perseguiria pelo resto da vida...

Mais por desespero do que por me encontrar preparado, parti para cima. Nesse momento, meu Ipod que até agora estava em silêncio, começou a tocar. David Bowie e Queen - Under Pressure. Engraçado, pensei comigo. Porque não tocou "Who wants to live forever"?!

Joguei o guarda-chuva pro alto, e com um dedo, encontrei o seu cabo curvo e o trouxe firmemente para a palma da mão enquanto corria. Meu paletó esvoaçava, molhado e pesado. As gotas da chuva aumentaram, dardejando meu rosto. Ia desferir meu primeiro golpe, e não tinha a menor idéia do que isso significava...

Desci o guarda-chuva com força em direção à cabeça do baiano, mas ele era experiente nisso e aparou meu golpe. Nesse momento vi que diferente do meu, o seu guarda-chuva tinha cabo reto, em forma de empunhadura, com lugar para encaixar os dedos. Seu guarda-chuva era muito mais letal que o meu.

Sem dificuldade, após aparar o meu golpe, ele girou o corpo, e com um rápido movimento de capoeira, abaixou-se, me acertando na parte de trás do joelho.

Quase caí de joelhos, mas a outra perna foi forte o suficiente para aguentar o peso do corpo. Ele tentou um segundo golpe, mas já esperando por isso, pulei por cima do guarda chuva e rolei pelo asfalto molhado, me pondo de pé em um instante. Ao que parece os anos de RPG me ajudaram a antever os golpes do oponente. Afinal, após anos de estudos de estratégias de combate de espadas, um combate de guarda-chuvas não seria grande coisa.

Agora ele veio pra cima. Tentou o mesmo golpe que eu, de cima para baixo na direção da cabeça. Mas eu fui mais ágil. Girei o guarda-chuva e o deixei escorregar na mão, segurando-o pela ponta, enquanto deixava o cabo livre na outra extremidade. 

Com um rápido movimento, esquivei do golpe, prendi seu guarda-chuva com o cabo do meu e torci com toda a força. O guarda-chuva do baiano voou, e eu o peguei com a mão esquerda.

O rosto dele ficou amedrontado, e sua tez morena ficou pálida por um instante. Eu fui vitorioso. Levantei o seu guarda-chuva, e para o susto de todos os espectadores do bar, que agora eram muitos, um raio caiu na ponta metálica do mesmo.

Pelo terror nos olhos do baiano, percebi que aquilo era um sinal. Seu guarda-chuva o havia abandonado, e com isso sua vida não valia mais nada.

"É meu rei, a natureza é sábia. Se ela lhe escolheu, quem sou eu para discordar, não é mesmo? Só lhe imploro uma coisa meu rei, você, que é primo de Caetano e de Bethânia. Me deixe vivo! Prometo nunca mais lhe importunar! Tenho sete bacuri pra criar..."

Baixei minha cabeça. Nunca havia pensado em matar um homem, e esse talvez fosse o momento ideal. O baiano sabia onde eu pegava o ônibus, e poderia me atocaiar.

"Deixo sim baiano, mas o seu guarda-chuva é meu."

Abri meu guarda-chuva, e vi que havia um buraco. Recortei um pedaço do guarda-chuva do baiano e guardei comigo para remendar o meu.

Apoiei a ponta do guarda-chuva dele no asfalto, a água empoçada chiou com a temperatura do metal. Com todo o peso da minha perna, desferi um chute no meio do guarda-chuva, que se partiu com um estrondo inesperado. Um brilho intenso cegou a todos, e só pude escutar o grito de desespero do baiano.

Quando consegui abrir os olhos, eles estavam grudentos. Eu estava enrolado num edredon, vestindo pijama. Me sentei na beira da cama, me recusando a acreditar que tudo aquilo pudesse ter sido um sonho. Levantei e senti uma dor leve atrás do joelho, que me fez pisar em falso e tropeçar no pé da cama. Andei até o banheiro e lá encontrei aquilo que me fez ter certeza que não havia sido um sonho.

Meu guarda-chuva estava encostado na porta do banheiro. Com um buraco remendado.

Eu era o escolhido.

domingo, 5 de outubro de 2008

Amicus Pappus

Bom, tava na hora de mudar o nome do blog. "Só pra passar o tempo" era o nome provisório, além de ser um dos nomes mais comuns de blogs no mundo...

O tempo passou, e hoje isso me incomodou. Qual seria o nome ideal do blog? Montei esse blog pra ser um lugar onde eu escrevesse sobre tudo o que desse na telha. Futebol, política, economia, piada, análises sociais, e tudo com o bom humor que me é peculiar. Não só escrever o que me agrada, mas ter sempre o retorno dos amigos, que sempre são parte essencial da minha vida, estando perto ou longe. Um blog que fizesse o papel de uma conversa de bar à distância.

"Amicus Pappus". Do latim, Papo de Amigo. Quem não acreditar, pode caçar um dicionário de latim e quebrar a cara.

Pra aproveitar o momento de renovação do blog (template novo há uma semana, e agora nome novo) queria agradecer àqueles que inspiraram o novo nome e sempre participam aqui do blog: Luciano (vulgo Willow), Leonardo (Ligadim) e a ultimamente quase onipresente, Anne (apelido secreto...), que além de fazer parte dos amicus, ainda ajudou no debate mental que eu travei pra decidir o nome!

Vocês tem cadeira cativa nesse estádio que é o meu coração. Bjão pra Anne, abraços pra esses dois que às vezes eu fico na dúvida se existem ou se são produto da minha imaginação.

sábado, 4 de outubro de 2008

Nome na Taça

"Ai ai, enfrentar o Timbu nos Aflitos é foda, o Palmeiras se deu bem empatando de 0 a 0..."

Alguém aí conhece um palmeirense? Se sim, esse foi o discurso deles semana passada. Desculpa gente, mas time que tem raça, que tem tradição, que tem um manto sagrado de verdade (e não essa camisa verde-catarro-que-brilha-no-escuro) ganha em qualquer lugar. E ganha de 2 a 0, com autoridade de futuro campeão brasileiro, com direito a golaço de fora da área!

Desculpa porco, ganhar de virada em casa contra o Atlético Mineiro não é um feito extraordinário, é obrigação. Mas pra chegar no nosso nível (sim, caímos bem na tabela pq venderam todo o ataque do time em duas semanas) vocês tem que comer muito feijão com arroz.

ps.: feijão com rabo de porco!

domingo, 28 de setembro de 2008

Festas de Família

Quando eu tinha um blog onde escrevia junto com o Wilian e o Willow (Luciano, pra quem não conhece), acho que escrevi meu melhor texto crítico-filosófico de humor. Pra quem lembrar (acho que ninguém vai lembrar, isso foi há 5 anos) desse blog, foi o texto que escrevi sobre o Natal.

O Natal nunca foi uma festa que eu gostasse muito, porque depois que a gente conhece História, vê que é uma festa mentirosa, já que Jesus não nasceu nessa data, e que na verdade um papa (não me lembro qual) adotou como nascimento de Cristo para conseguir atrair para a Igreja Católica os povos pagãos, que adoravam o Sol no dia 25 de dezembro.

Mas enfim, apesar de não concordar, sempre gostei dos filmes de Natal, e encaixo nessa categora duas das melhores comédias da minha infância: "Esqueceram de Mim 1 e 2".

Bom, depois que vim morar em São Paulo comecei a gostar do Natal. Não que tenha concordado e acreditado na data, mas é que ela se tornou a única oportunidade que tenho de ver a família do meu pai reunida. E eita família de maluco! Saio da festa cansado de dar risada!

Esse ano porém, terei outra oportunidade de ver a família Bernardes reunida. Aniversário de 60 anos da tia mais comédia da família! Dá pra imaginar o que vem por aí né?

Festas de família são sempre engraçadas. Hoje eu vejo isso. Quando era moleque não. Era meio introspectivo, quietão. É que era muito observador e pouco falante. Hoje sou muito observador e falante idem...

Festas de família são aquela oportunidade de ver os primos que há muito tempo não se vê, de conversar com aqueles tios mais velhos que sempre tem alguma coisa pra ensinar, de rir com aquele tio engraçado que sempre tem uma piada nova... Pra mim são oportunidades de conversar até com meu irmão, saber como está a vida, já que 500km de distância e horários conflitantes nos atrapalham pra botar a conversa em dia.

Enfim, dia 18/10 é dia de churrasco com os amigos (pra conversar até cair um pedaço da língua, como diz a "mamy" de uma amiga que admiro muito (admiro tanto a amiga quanto a "mamy")) à tarde e festa de família à noite. Já to ansioso!

sábado, 27 de setembro de 2008

O declínio de um Império

"O Rei está morto. Viva o Rei".

A expressão que eu escrevi acima mostra a mentalidade dos governos monárquicos, onde mal se tem tempo em lamentar a morte de um líder, e já se tem a ascensão do novo ao poder, do príncipe por assim dizer. Rei morto, rei posto, certo?

Estamos vivendo uma fase dessas, mas não falamos de um Rei, e sim de um Império. O Império dos Estados Unidos está decadente.

Eu tenho uma teoria (daquelas de botequim mesmo, nada cientificamente comprovado, mas quem sabe um dia...) sobre a ascensão e queda dos Impérios que dominaram o mundo: quanto maior a tecnologia e criatividade (principalmente na área de comunicações, pois elas fazem o mundo "encolher") menor a duração de um Império. Exemplos?

Império Romano (incluindo nesse termo o do Ocidente e o do Oriente): de 753 a.C. até 1453 d. C. - o surgimento é do Ocidente e a queda é do Oriente. Temos 21 séculos de duração de um único Império.

Império Britânico: durante a queda do Império Romano do Oriente, a Europa Continental estava entregue ao feudalismo, motivo pelo qual a Grã-Bretanha, que nesta época já tinha até sua Carta Magna (desde 1215) se destacou. Poucos países se lançavam em aventuras extra-marinas, como Portugal, Espanha e Holanda. Os holandeses eram mais empreendedores, portugueses e espanhóis se dedicavam ao extrativismo e plantation, mas não desenvolviam novas tecnologias. Nesse quadro, a Inglaterra se lança ao mar, criando uma das maiores marinhas do mundo e desenvolvendo cada vez mais tecnologias. Teve problemas com a Invencível Armada de Espanha, chegou a perder por alguns anos sua hegemonia em virtude de Napoleão, mas comandou o mundo de 1485 (início do reinado de Henrique VII) até o início da Segunda Guerra Mundial (1939). Temos então quase 5 séculos de Império Britânico, o que não é nada comparado aos 21 séculos romanos.

Império Norte-Americano: com a Primeira Guerra Mundial, as principais potências européias ficaram muito enfraquecidas, e conseguiram escapar da completa destruição graças à ajuda dos Estados Unidos. Os EUA saíram vitoriosos dessa guerra pois ela não aconteceu em seu território, demandando destes apenas o poderio militar e econômico. Com a Segunda Guerra Mundial, seu papel foi muito mais importante, porque o período entre guerras via a reconstrução da Europa destruída, e o crescimento acelerado da Alemanha nazista e dos EUA. Ao estourar a Segunda Guerra, ficou claro que os EUA seriam os "salvadores" do mundo (e essa foi a única vez em que eles foram heróis, porque foi também a última em que se sabia quem era o vilão). Desde então eles vêm dominando o mundo. De 1939 até hoje não temos nem um século, e o império americano já demonstra claros sinais de cansaço.

A Crise que assola os EUA hoje nos mostram claramente o que a tecnologia faz com um Império e seus dominados. Bolsas de Valores seriam impensáveis no Império Romano, não existia maneira de 500 pessoas serem "donas" de um mesmo estabelecimento comercial através da compra e venda de pedaços de papel que atestavam isso. Menos ainda seria possível que uma pessoa "vendesse" sua casa por um valor acima do que ela valia e recomprá-la parceladamente de uma instituição financeira. Pra começo de conversa, seria impossível um romano vender sua casa, pois era nela que residiam seus deuses domésticos, seus protetores. Quem discordar disso e achar que Roma era apenas Júpiter, Marte e companhia, pode ler "A Cidade Antiga" de Fustel de Coulanges.

Os romanos eram detentores de grandes tecnologias, principalmente na área da engenharia, tanto que ainda existem pela Europa estradas e aquedutos em utilização até hoje que foram construídas por eles. Porém, não lhes interessava ensinar essa tecnologia para os povos dominados.

O império britânico foi o palco da Primeira Revolução Industrial, que trouxe a tecnologia do vapor, e também não lhes interessava apresentar isso para o mundo.

O império norte americano tem seu Vale do Silício, maior centro de produção de microchips do mundo, e dispensa comentários na criação de tecnologias.

Porém, o que vemos? Os romanos viviam da guerra, da expansão territorial, e não conseguiam se comunicar com velocidade com os extremos de seu império. Inspiravam medo, e depois respeito, pois não forçavam os povos conquistados a adotar sua cultura, de maneira que aos conquistados parecia cômodo ter segurança por pagar impostos ao império. Vejam bem, os povos conquistados estavam acomodados.

Os britânicos também se utilizavam da guerra, porém instituiam sua forma de governo e sobrepunham sua cultura à do conquistado. Isso gerava revoltas e novas guerras. Porém seus navios eram rápidos e suas tropas chegavam rapidamente a qualquer parte do seu território.

Os americanos aprenderam a dominar com os ingleses, e também impõem sua cultura aos povos dominados. E as telecomunicações fazem com que a resposta às revoltas e rebeliões sejam quase instântaneas.

O que vemos de diferente entre os três? A tecnologia que cada um tinha. Não que a causa da queda de cada um tenha sido a tecnologia que tinha, mas sim a que os dominados também tinham. O ser humano é criativo por natureza, quando um cria e o outro fica sabendo, se o primeiro não ensinar como se faz, o outro vai estudar até criar igual... Aí já viu né?

Pra mim essa crise financeira dos EUA é o auge da criatividade em termos de mercado financeiro. Você vende a sua casa pra uma instituição, ela te paga uma grana à vista, e você devolve parcelado com uma pequena taxa de juros. Depois você, instituição, vende essas dívidas para uma outra instituição como se fosse um ativo recebível, e ela compra, ainda mais caro e joga esses papéis nas bolsas de valores a peso de ouro! 

Alguém além de mim viu que na verdade não existe dinheiro aí? Tudo o que se vendeu foram promessas de pagamento? Na hora de pagar, a pessoa investiu aquele dinheiro que a financeira deu pra ela em troca da casa aonde? Na bolsa de valores! Comprando que papéis? Os da outra instituição financeira que vendeu a dívida da primeira como um ativo recebível! Ou seja, você comprou sua própria dívida, mas por um preço maior do que você deve!

Na hora de cobrar, a segunda financeira vai em cima da primeira, que não tem dinheiro e cobra de você, que não tem dinheiro porque comprou papéis vazios, e, por não pagar, perde sua casa! A financeira põe sua casa a leilão, mas tá todo mundo quebrado pelo mesmo motivo, sua casa é vendida baratíssima, a financeira tem prejuízo e quebra! Quebra a primeira financeira, quebra a segunda, quebra a bolsa de valores...

Enfim, o poderio econômico dos EUA reflete no mundo inteiro, e com essa crise, o crescimento deles vai ser muito menor pelos próximos anos. Alguns especialistas dizem que mesmo com o pacote de ajuda às financeiras que o governo americano disse que vai dar, a recuperação americana vai demorar pelo menos uma década. 

Pra um Império que tem só 70 anos de história, perder uma década é muita coisa. Quem for pouco afetado por essa crise e souber crescer sem o dinheiro norte-americano, pode subir ao topo como novo líder mundial. Alguém aí falou na China?

domingo, 21 de setembro de 2008

O Retorno do Blogueiro

Quem leu meu blog pela primeira vez começando pelo último post pode ter a impressão de que tirei férias eternas... Mas não é verdade, to trabalhando e muito há muito tempo desde que voltei daquelas férias maravilhosas...

Hoje deu vontade de escrever de novo, coisa que não acontecia desde o último post no fim de junho. Vontade de escrever o que é que eu não sei... De escrever simplesmente...

Meu pouco tempo livre tem se dividido entre MSN, ler meus livros e os livros da faculdade, estudar pras provas, e as poucas oportunidades que tenho de escrever estavam se restringindo ao outro Blog, o Contos Blogados com o Leo e o Willow.

Mas a vontade de hoje não foi de escrever conto fantástico, então vim pra cá, esse refúgio virtual onde eu posso me expressar tranquilo. Talvez eu acabe escrevendo um conto aqui um dia, mas vai ser um com início, meio e fim, sem torturar ninguém com uma história inacabada.

Hoje to meio saudosista. Culpa de uma amiga que resolveu conversar comigo sobre música. Menina de bom gosto...

E saudosismo me faz lembrar de histórias antigas, e normalmente engraçadas... Essa por um tempo assustou a gente, mas hoje damos boas risadas...

Quando jogávamos RPG (eu, Leo, Luciano, Pedro, Alexandre e Wilian), costumávamos jogar na casa da avó do Luciano e do Leo, pra não fazer barulho na casa deles, não atrapalhar ninguém. Era um refúgio, quase um daqueles clubinhos de criança, onde elas se imaginam matando monstros e lutando contra vilões... A diferença é que essas crianças tinham 15, 16 anos, e mesmo assim se imaginavam lutando contra sacerdotes de deuses malignos, orcs e dragões...

Várias vezes ficamos jogando RPG a tarde inteira, até tarde da noite, e pedíamos pizza. E numa dessas noites começamos a escutar gemidos. Gemidos de dor. "Aaaaaaahnnrrrggghhhh"... E seguidos de batidas no chão... "Tum, tum, tum"... E gemidos, e batidas, e gemidos, e batidas...

Por um momento passou pela cabeça de todos que monstros realmente existissem, e estivessem lá fora esperando para ser atacados. O problema é que no mundo do faz de conta éramos guerreiros, magos, ladrões... Aqui éramos estudantes do ensino médio e superior, fora de forma...

Nem tivemos coragem de ir olhar, ficamos rindo nervosos até passar...

No dia seguinte jogamos de novo e descobrimos: tinha um caseiro bem velhinho na casa da avó deles. Bem tortinho, andava usando uma bengala, e tinha artrite entre outros problemas de saúde. Mas a imaginação de 6 jogadores de RPG sempre vai a mil, e até hoje nos lembramos rindo do "monstro da casa da avó".

Ps: em tempo: o caseiro já se aposentou. A tia deles conseguiu aposentar o velhinho por tempo de serviço.

domingo, 22 de junho de 2008

Férias!

Agora é oficial! Terei férias em julho! Minha chefe é uma mãe! E, como agora eu to muito grandinho e não sei quanto tempo vão durar as próximas férias que terei, então quero aproveitar ao máximo essas agora!

Primeiro: vou ligar pra uma pousada em Petrópolis pra fazer uma trilha. Coisa pequena, acho que no máximo 4hs ida e volta. Só pra subir o Pico da Alcobaça, 1787 metros, no meio da Serra dos Órgãos! A vista deve ser maravilhosa! Quem quiser, está convidado! Custa pouco mais de 40 reais, mais a gasolina de Paty do Alferes até Petrópolis!

Segundo: um jogo do Mengão no Maraca! Quero o Flamengo e Vasco, mas está difícil... Vou ter q adequar a minha agenda de férias pra poder ver o clássico das multidões!

Terceiro: churrasco em casa, com a galera toda de Paty reunida! E quando digo a galera toda, são os mesmos de sempre, e os que quiserem se apresentar!

Quarto: além de churrasco(s), bar! Vamo simbora pra um bar, beber cair e levantar!

Vamo que vamo! Eu bem que mereço essas férias mesmo!

sábado, 14 de junho de 2008

Campeão também perde, e daí?

Um jogo desaconselhável pra cardíacos. Certeza que foi a melhor partida do Campeonato Brasileiro até agora. Lá e cá, o Flamengo perdendo gols incríveis, e o São Paulo fazendo seu papel como visitante, aproveitando todas as chances possíveis diante do futebol envolvente do Flamengo.

Um pecado dos deuses do futebol contra o Flamengo, mas foi um jogo bonito em que eu vi o Mengão jogando como há muito tempo não jogava. Se tivermos essa raça durante o resto do campeonato, que me desculpem os outros clubes, mas a taça do Brasileiro já tem um nome gravado.

Mengão Campeão! Além de rimar, tem 13 letras...

Pedido de desculpas

Dá-lhe Verdão! Valeu pelo 5 a 2 no Cruzeiro! Mas pode parar sua subida por aí que o Brasileirão desse ano é do Mengão!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Não consigo parar de falar em futebol...

Fiz um acordo com a Carol. Ela torce pro Flamengo no Rio, eu torço pro Palmeiras em São Paulo. Mas não posso confiar no Palmeiras nem pra ganhar do Cruzeiro e ajudar o Flamengo a ser o líder isolado do Brasileirão...

Sim, líder isolado, porque sábado vai ser dia de chororô pras tricoletes do Morumbi. O Maracanã vai rever o espetáculo rubro-negro do ano passado que provou pros outros times que o São Paulo não é imbatível. Depois do Flamengo, até o Corinthians (sim, o Corinthians, mas em respeito a essa torcida apaixonada eu não vou espezinhar) conseguiu ganhar do São Paulo. Mas é sempre assim, sempre é preciso que um diga que o rei está nu.

Porque estou escrevendo isso? Nem eu sei, to vendo aqui na internet os resultados da rodada e o Palmeiras acabou de conseguir o empate com o Cruzeiro! Só espero que mantenham agora.

Tá, de novo não consegui explicar o porque de escrever isso tudo. Estafa mental de repente. Cansaço muscular, dor nas costas de tanto ficar em pé andando pelos fóruns do centro de São Paulo. Preciso deitar e dormir, mas estou com preguiça...

As tricoletes das Laranjeiras estão ganhando do Santos. Primeira vitória do pó-de-arroz nesse Brasileiro! O que é uma pena...

Não consigo respeitar o Fluminense. O Corinthians caiu com dignidade pra segunda divisão, com a torcida cada vez mais apaixonada, e fez uma campanha bonita na Copa do Brasil. Perdeu na Ilha do Retiro porque pra ganhar do Sport por lá tem que ter bala! De preferência Carlinhos Bala... (desculpem o trocadilho idiota, não resisti, sou fã do Carlinhos Bala)

Entretanto, o clube que abriu os caminhos da segunda divisão aos times grandes do Brasil foi o Fluminense. E, não satisfeito em abrir os caminhos da segunda, abriu as portas da TERCEIRA!!! Se bem que por essa porta só eles passaram mesmo...

Bom, caíram pra terceira, e dela eles conseguiram subir no ano seguinte pra... PRIMEIRA!!!

É, não sei quantos se lembram disso, mas o Fluminense não jogou a segunda divisão pela segunda vez depois de cair para a terceira. Ele subiu direto para a primeira num incrível tapetão...

A CBF criou um campeonato brasileiro em homenagem ao "Dr." João Havelange, e, exigiu que, já que era uma homenagem, estivessem participando todos os fundadores do clube dos 13. Ou seja, puxou o fluminense de volta para a primeira divisão, prejudicando assim os clubes que tinham sido promovidos da segunda para a primeira...

Isso é o futebol brasileiro minha gente... Hoje seu time está na final da Libertadores, mas ontem ele estava subindo de maneira inescrupulosa da terceira para a primeira divisão do campeonato nacional...

Isso tudo sem falar no abandono da torcida tricolete nesse período. Queria saber quem era torcedor do fluminense? Era aquele cara que dizia "torço pra ninguém não, nem gosto de futebol".


É por essas e outras que manifesto aqui o meu apoio aos torcedores corinthianos. Todos nós já soubemos uma vez na vida o que é perder uma final de campeonato. Tenho agarrado na garganta o grito de campeão da copa mercosul, quando o Flamengo perdeu a final para o San Lorenzo nas cobranças de penaltis, perdendo também a chance de ser o único bicampeão daquele campeonato, que acabou naquele ano.

O maior campeão mundial do Brasil, o tricolor do Morumbi, é também o maior vice do Brasil. São inúmeros vice-campeonatos que o São Paulo acumula. Daí vem aquela pergunta lógica: "po, o maior vice do Brasil é o São Paulo? Mas e o Vasco?" Calma gente, o Vasco até nesse quesito é o vice... Hahahahahaha!

Todo mundo sabe o que é estar por cima e estar por baixo. O importante é correr atrás e dar o seu melhor. Voltar para o topo é conseqüência. Só não se pode abandonar o clube quando ele está mostrando claros sinais de fortalecimento. Mas nesse ponto a torcida "corinthiana-maloqueira-sofredora" é diferente da tricolete, ela é realmente a Fiel.

Vai curíntia.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Medo

Sempre penso em medos. Não sei porque, mas é um assunto que me faz pensar. Principalmente na evolução dos medos.

Hoje pensei em medo por causa do ônibus meio vazio indo até o Largo da Batata. Meio vazio pq além de mim e duas pessoas sentadas próximas ao cobrador, tinham 3 caras esquisitos na última fileira. Os 3 com roupa suja, meio velha, fedendo a tudo de azedo que possa existir. Pra piorar, falando alto, completamente "mano-maloqueiro-sofredor", e um, apesar de todos os avisos e do bom senso, fumando dentro do busão. Tenho todos os motivos do mundo pra ter medo né? Já fui assaltado, e cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça.

Bom, esse medo me fez pensar em outros, e mais outros, e em como os medos de hoje são diferentes dos de antigamente. Dizem que os principais medos do ser humano são o do escuro, o de altura e o de cobras. Memória genética da época em que morávamos em árvores: medo de cair, medo do desconhecido e medo de um dos poucos animais que sobem em árvores, e ainda por cima, venenoso e silencioso.

Hoje será que esses medos ainda são válidos? Temos luz elétrica, moramos em apartamentos de cobertura, e temos soro antiofídico. Tá, td bem, a mordida da cobra dói, apartamento é mais seguro que árvore e a luz pode acabar... Mas concordam comigo que estes medos não tem mais tantos motivos?

O medo do desconhecido levava o ser humano a ter mais imaginação, como por exemplo, na idade medieval, ter medo de monstros, medo de navegar, medo de tudo o que a Igreja dizia que era pra ter medo.

Hoje a ciência explica tudo, o desconhecido de antigamente é conhecido hoje, e o desconhecido de hoje será explicado amanhã, então não precisamos ter medo. A ciência, assim como o dinheiro, move o mundo.

Mas os medos continuam, não é mesmo? O medo de ser mandado embora e ser mais um na fila dos desempregados! O medo de ser ruim na cama! o medo de não agradar na rodinha de amigos!

Os medos antigos eram curados com rezas e bençãos, com pajelanças e simpatias. E os medos de hoje? O medo do desemprego, que gera stress, é curado com calmante. O medo de ser ruim na cama, com viagra e similares, mas este também gera stress, então é bom tomar um calmantezinho! O medo de não agradar na rodinha, é curado com psicologia, mas se gerar um stress emocional, vale tomar aquele calmante também!

Ou seja, antigamente as pessoas conviviam com seus medos, até que com um placebo, uma pílula de farinha, uma "magia" que lhes enganava, dizendo que estavam curados, e, diante da forte crença que tinham nisso, os medos e doenças de fundo psicológico passavam!

Enfim, será que não estamos nos drogando demais por problemas de menos? O pior é que tomar tantos remédios destrói o fígado, o que levaria aquela pessoa com medo de doença, o famoso hipocondríaco, a chegar ao seu pior destino!

Será que não podemos conviver com nossos medos? Medos não são ruins, nos ajudam a viver. Nos mostram nossos limites. Lógico, medo demais atrapalha, como tudo o que é demais na vida.

Medo de ficar desempregado? Esforce-se mais, ou pense pelo lado positivo: mudar de empresa e expandir horizontes é sempre bom! Medo de ser ruim na cama? Que tal primeiro ir e deixar a outra pessoa dar uma opinião? Medo de não ser aceito na rodinha de amigos? Faça novos amigos!

Se não pudéssemos conviver com nossos medos, provavelmente não estaríamos vivos, porque não respeitaríamos nem aquela que é a única certeza que temos na vida: a morte!

Medo de ser assaltado no busão meio vazio? Esconde o Ipod!

domingo, 8 de junho de 2008

É um sinal!

Pra quem não conhece esse senhor aí ao lado, prazer, São Judas Tadeu.

Théo, você é agnóstico, era evangélico, porque a imagem de um santo no seu blog? - perguntam aqueles que não vestem o manto sagrado.

Porque ele é simplesmente o padroeiro do Flamengo!!!!!

Há uns meses atrás eu perguntei pra Silvia (minha chefe) se ela tinha uma imagem de São Judas Tadeu pra me dar, porque eu queria uma. Ela disse que tinha, mas não pra dar pq ela ganhou de alguém.

Hoje, estava eu indo pro escritório (sim, trabalhei domingo), puto da vida por causa da demora do ônibus (meia hora no ponto, domingo é uma merda). Entrei no busão, e vi que entre os dois bancos na minha frente estava um bolo de papéis.

Como sou pouco curioso, nem pensei, peguei os papéis e puxei. Qual não foi minha surpresa quando descobri uns 30 e poucos santinhos de São Judas Tadeu!!!!

É galera, eu teria medo do Mengão esse ano...

sábado, 7 de junho de 2008

Flamengo X Figueirense - parte dois

Não preciso dizer nada. 5 a 0 dizem tudo. Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.

Primeiro gol com passe de quem? Dele! Do primo do Messi!

O que que eu disse? Falta um garçom no Flamengo. Quando tem quem faça passe, Souza mostra o que sabe fazer: dois gols!

E a surpresa: Marcinho! Três gols! Amanhã quem escolhe a música no Fantástico é ele!

Enfim, ces't fini! Figueirense quem?!

Flamengo X Figueirense

Maracanã: o palco dos maiores espetáculos da Terra.

Flamengo: o protagonista.

Figueirense: um dos maiores antagonistas, apesar da pouca rivalidade entre os dois times.

O jogo de hoje: vale a liderança pro Mengão até a partida do Cruzeiro amanhã. Pro Figueirense vale uma subida até as vagas da Copa Sulamericana.

O elenco do melhor do mundo: Ibson está de volta depois de dois jogos fora por conta de lesão, e Diego Tardelli está fora cumprindo suspensão. E assim, Maxi Biancuchi (ele mesmo, o primo do Messi) tem mais uma chance!

Fiquei surpreso com a escalação do Maxi. Na Era Joel Santana ele não teve chance, tinha até esquecido que ele existia no elenco rubro-negro. E não tenho más-lembranças dele jogando, como tenho de "El Tigre" Ramírez. Então, boa sorte ao primo do Messi, que ele consiga mostrar um bom futebol e assuma essa vaga, porque Diego Tardelli, como todos sabem, é jogador de reserva, só pode entrar no segundo tempo, de preferência em final de campeonato porque é onde ele mostra o que sabe. Até porque, apesar do estilo um pouco diferente, Souza e Diego Tardelli são centro avantes, e o Flamengo precisa de um atacante mais inteligente, que seja garçom, pra que o Souza consiga ser o atacante matador, o Caveirão que era quando foi artilheiro do Brasileirão.

Lógico, dependendo da participação do Maxi, existe a possibilidade do anjo negro entrar em campo no lugar do Souza. Sim, ele mesmo. Ele, que é melhor que o Eto'o. Obina neles Caio Potter, Obina neles! Porque o gordinho pode não ser o melhor jogador do mundo, mas tem sorte, e futebol não é só habilidade. E, como já dizia Nelson Rodrigues, que apesar de tricolete era muito inteligente: "Sem sorte você não chupa nem um chicabon, pode engasgar com o palito ou ser atropelado pela carrocinha".

Eu teria um desgosto profundo se faltasse o FLAMENGO no mundo!!!!

Deu merda no Blog!

Bom, calma, não estou abandonando o blog ainda, é só um pequeno problema de ego, falta de criatividade e preguiça. Não entenderam? Eu explico.

Quando fiz o blog eu estava com vontade de escrever, mas sem criatividade nenhuma, como todos puderam ver com os posts, contando histórias, copiando poesia... E a falta de criatividade e preguiça se refletiram no nome do blog.

Qual não foi minha surpresa ao colocar o nome do blog no google e descobrir que existem 5 trilhões de blogs com esse nome...

Portanto, convoco todos os leitores (todos os 4) a dar sugestões de nomes pro blog, porque até agora a minha criatividade não voltou...

As 3 melhores sugestões (sim, podemos ter mais de uma sugestão por pessoa, e sim, eu vou escolher as 3 melhores) vão pra uma enquete. E nessa enquete nós teremos o novo nome do blog!

Prêmio? Serve um beijo, um abraço e um aperto de mão? Não?
Um email, um cartão virtual e um scrap do autor do blog? Não?
Ah, todo mundo que lê é meu amigo, não precisa de prêmio não! Fico devendo um favor!

Bjos e abraços para todos!

sábado, 31 de maio de 2008

Timão!

Acho que todo mundo que leu esse blog até agora sabe que eu sou flamenguista. Mas os únicos 2 jogos que eu fui na minha vida foram do Corinthians. E o segundo foi hoje...

O primeiro foi ano passado. Palmeiras e Corinthians. Campeonato Paulista. Morumbi. 3 a 0 pro Verdão! Edmundo marcou o último. Não lembro se marcou mais algum, mas o último foi dele.

Hoje, Corinthians e Fortaleza. Série B do Brasileirão. A torcida do Fortaleza, como diz o grito das torcidas, era pequenininha e cabia dentro de um fusquinha...

Jogo frio, tanto em termos de futebol quanto em termos de clima. Corinthians com time misto por causa da final da Copa do Brasil. Fortaleza com o time ultra-hiper-mega titular, mas é o Fortaleza...

E o vento? Puta merda, dava inveja da Fiel, lotando as arquibancadas. Todos juntos, aquela massa, pulando! Devia estar quente!

As numeradas meio vazias, um vento mais gelado do que aquele que batia na Festa do Tomate nos tempos áureos do governo Eurico Jr. Tá, meu primo, mas que a Festa era melhor na época dele isso ninguém pode negar, nem a atual prefeita...

Enfim, se não fosse pela companhia (os excelentes amigos de sempre, Lu e Felipe) e pela entrada de Herrera, que começou no banco, o jogo teria sido fraco.

Agora, como eu estava lá, esse jogo não poderia ter sido normal nunca, porque onde eu estou, bizarrices acontecem.

Logo no começo do jogo, Lulinha sofre falta na linha de fundo depois da bola sair e cai por uma escada de acesso ao gramado que eu só reparei q existia depois que ele sumiu por ela... Parecia sério, mas é futebol, só parecia. Quando o jogo parou, diante da revolta da torcida contra o juiz, ele levantou e voltou a campo, mas por pouco tempo, foi substituído por Alessandro, que marcou o primeiro gol num frango do goleiro do Fortaleza.

Dps do frango o goleiro estava pegando até pensamento. Era escanteio atrás de escanteio pro Corinthians no segundo tempo. E dá-lhe defesa do goleiro (tá, não sei o nome dele, devia ter levado um radinho...).

E nesses escanteios acontece outro momento bizarro. Um jogador corinthiano chutou uma bola que sobrou pra ele dps de bate-rebate na área, mas chutou fora, pela linha de fundo. Normal? Sim, normal. Se a bola não tivesse batido no saco de um fotógrafo distraído.

O cara perdeu o ar, tentou se segurar no tripé da câmera, mas não teve jeito. Girou uma vez e caiu.

Os médicos do corinthians e da ambulância que estava no gramado correram pra atender! Juntou mais gente em volta do fotógrafo do que quando o Lulinha despencou escada abaixo!!!
Palavra chave do jogo: BI-ZAR-RO!!!

Enfim, foi um sábado atípico pra quem costuma ficar os sábados a tarde na frente do computador, ou almoçando e dormindo. Mas muito bom. E que venham outros jogos!

Amanhã, Fla-Flu no Maracanã. Flamengo indo com tudo pra cima, pois agora só tem o Brasileiro pela frente, e é um clássico. Fluminense com no mínimo um time misto, poupando titulares pra semifinal da Libertadores. Palpite? Flamengo 3 a 1. Mesmo o time misto do Fluminense é respeitável, e reserva é sempre uma surpresa né? O cara quer mostrar pro "professor" que ele tem capacidade, que é uma boa aposta pro futuro... Mas não deixa de ser um time misto, e o Flamengo agora tem o Brasileiro como obrigação!

Agora, projeto de TGI... Porque a faculdade não poupa nem finais de semana...

Bom sábado a noite para todos, já que "todo mundo espera alguma coisa de um sábado a noite". Bjos e abraços.

Terceiro post é que nem Brasileiro pro Flamengo: Obrigação!

Vou postar uma poesia que não é minha, nunca escrevi poesias.
Essa quem me mostrou foi uma pessoa muito especial. Fiquei com o enredo na cabeça durante grande parte da vida, mas o texto exato me fugiu. E, graças à tecnologia, achei a poesia de novo.
Ah, não vou dizer quem me mostrou essa poesia. Pros críticos de plantão, não é dor de corno nem ferida de amor mal curada, até porque essa pessoa não é mulher. Só to passando por um momento em que gostaria de preservar a imagem dessa pessoa.

Não sei o autor e nem o título da poesia, e isso eu realmente nunca soube.

Lá vai.

Um homem sofredor de um tédio permanente
buscava ao seu espírito conforto
e quem o livrasse da dor intermitente.
Qual náufrago ansiando por um porto
atravessou terras e mares visando encontrar
alguém que fosse capaz de o curar.
Um dia um sábio o tornou ciente
da existência de um médico célebre e afamado.
E eis que o homem, com o coração esperançado
diante do doutor se encontrou presente.
– Recorro a vós, senhor – disse o paciente –,
porque a dor que me martiriza
e que o espírito aflige de forma tão contundente
resulta de uma chaga que nunca cicatriza.
Tornei-me há tempos escravo de minha mente
e sofro hoje atroz hipocondria,
não posso evitar ser pensativo e doente
e por isso já nem sei o que é paz ou harmonia.
Sendo vós o mais sábio clínico do mundo,
médico notável e do peito humano auscultador profundo,
rogo-vos que cureis este mal inexorável
que o cérebro me embruma e me turva a visão.
Já não mais me pulsa o coração
e é com sacrifício que suporto uma cabeça
cujos pensamentos só me causam confusão.
Indagou então o médico:
– Já sentiste algum dia em teu peito
as chamas da paixão qual vendaval desfeito?
– Sim – respondeu o homem.
– E o amor – continuou ele –, já o conheceste?
– Sim, e procurei fazer dele bom proveito.
– E viajar, já viajaste?
– Sim. À Terra Santa, à Grécia e a grande parte do Oriente, depois de Paris, Florença e quase todo o Ocidente.
Mas de tudo me angustia uma lembrança
imorredoura, eterna, e uma insegurança por demais pungente.
– Amigo – concluiu o médico – só há no mundo um lugar
em que alento para tua terrível dor poderás encontrar.
Existe na Romênia, em Bucareste, um homem capaz
de todo o teu tédio seguramente aniquilar.
Esse homem singular, que a todos o riso inocente traz,
é um impagável palhaço a cujos gracejos ninguém pode resistir.
Talvez sua figura brejeira possa a gargalhada franca te restituir!
Subitamente, dos olhos tristes do homem que o ouvia,
brotou uma única lágrima que por sua face corria.
E foi com voz embargada e o peito dilacerado
que ele expôs a verdade em tom amargurado:
– Vejo, doutor, agora, que meu mal é incurável,
pois o palhaço de que falais, o palhaço aclamado,
tem um riso de morte, um riso mascarado,
e sente profundamente a dor do tédio e do cansaço.
Porque sou
eu, doutor, sou eu esse palhaço!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Segundo post vai na empolgação...

Bom, falar o que? To sem assunto. Trabalhar faz isso com a gente. E semana de provas finais chegando aí, minha cabeça só repete lei-lei-lei-lei... Minto, também repete jurisprudência-jurisprudência-jurisprudência... Enfim, DIREITO!!!

E chega. Parei de falar de direito por aí mesmo. Esse blog não é pra isso. Isso eu faço na faculdade e no escritório, já é suficiente.

Preciso descansar. Mas descansar mesmo. Quinze dias a toa. Assistindo Sessão da Tarde até o cérebro escorrer pelo ouvido. Nada de pensar. No máximo jogar video-game, mas jogos de luta, futebol, aqueles que você não precisa pensar, só agir no reflexo.

Se for pra pensar, que seja em contos, como os que eu escrevia antigamente. Se for pra pensar, que seja pra nerdar um pouco jogando RPG.

To meio saudosista. Crise existencial. Crise de meia idade antes mesmo de chegar em 1/4 da idade...

Sabe aqueles momentos em que você resolve rever a sua vida? To num desses. Não sei se é o melhor momento pra começar um blog, mas foi nesse que deu vontade de escrever, então como dizia o velho Fragosão, professor de biologia do CEPE (escola onde eu passei grande parte da minha vida e que devo muito da minha cultura) "vamo que vamo"!

Já que é pra rever a vida, me desculpem os amigos de SP, mas vou viajar 400km, e alguns anos no passado, pra falar daquela cidade na Região Centro-Sul Fluminense, Paty do Alferes.

Nunca pensei que pudesse sentir falta de uma cidade como aquela. E quando falo da cidade, é da cidade mesmo. Família e amigos é lógico que eu sentiria falta, como sinto e muito.

Sinto falta de andar pelas 4 ruas que formam o "centro" da cidade. De descer o morro da minha casa a pé. De andar os 7 ou 8km q ligam Paty à cidade vizinha, Miguel Pereira.

Sinto falta das estradas de terra, do lamaçal que ficava na frente da minha casa quando chovia e que mais de uma vez me impossibilitou de ir pro colégio porque não tinha como passar carro (já chegou a mais de 30cm de altura de lama!!!!).

Sinto falta dos passarinhos cantando, do barulho dos grilos a noite, de um ou outro besouro entrando em casa.

Agora, sinto falta principalmente daquele céu estrelado. Parece uma pintura. É muita estrela. Como dizem alguns por lá "ê-ê demôin"!

Bom, lembro até hoje. Foi numa noite estrelada dessas que eu, minha mãe e meus irmãos voltamos pra casa depois de uma temporada curta na casa dos meus avós. Já tem 11 anos essa temporada, mas lembro como se fosse hoje.

Essa temporada não é o motivo desse texto. Passei um pouco do que queria lembrar, uns dois meses. Queria lembrar do meu aniversário de 12 anos.

Churrascão em casa. Muita gente da escola. Leonardo (hj Ligado), Luciano (na época Willow), Lucas (Japão), Marina, Bianca, Thalita, Ana Lídia, Camila, Tico, Wilian, Gabriel e mais alguns. Desculpem se não lembro de todos, mas é que são 11 anos já né?

Foi muito bom, a criançada se divertindo. Guerra de bexiga cheia de água. Caça ao Tesouro. Bandeirinha. Queimada.

Todo mundo indo pro mato até chegar no campinho de terra batida onde de vez em quando o pessoal do bairro Nova Mantiquira joga um futebol. Na verdade cortaram um morro e fizeram terraplanagem, a encosta eles cavaram uns buracos onde fica a "torcida".

Uma galera no alto, outra embaixo. Algumas vacas passaram por lá uns dias antes. O campinho tava cheio de... esterco!

Criançada do interior, o que que fez? Guerra de bosta seca de vaca! Até as meninas! INCRÍVEL!!!

Lógico, doía pra cacete, mais de um saiu meio roxo da guerra. Fora que nem todas as bostas estavam bem secas... Umas com o miolo meio gelatinoso sujaram a galera.

Agora, a maior recordação de todos desse churrasco foi a bola de fogo.

Na época minha tia Marcinha namorava com o Edmar. Esse cara é gente fina, mas o namoro não deu certo. Enfim, foi dele a idéia que fechou o churrasco com chave de ouro.

Por idéia da Marina, que sempre foi a mais esotérica da galera, e adorava histórias de terror, uma galera foi pro terreno do lado de casa onde hoje é a piscina contar histórias de terror a noite.

Não lembro quantos ficaram na rodinha de histórias de terror, mas eu não fiquei. Não que eu seja medroso, mas porque achei que seria sacanagem com o pessoal que não queria fazer isso que eu, como aniversariante, fosse pra lá.

Fiquei trocando idéia com a Bianca e a Thalita, e nisso apareceu o Edmar. Disse que ia dar um susto na galera. Pediu uma corda, uma pedra, jornal e álcool.

Arrumei tudo pra ele, menos a corda. Arranjei uma corrente.

O terreno do lado da rodinha de histórias era baldio. Só mato. E lá foi o Edmar, pé esquerdo, pé direito...

Ele enrolou a pedra com jornal, amarrou a corrente em volta da bola de jornal, jogou álcool e acendeu. Girou e jogou por cima do muro.

Eu queria realmente estar naquela rodinha pra saber qual a sensação de alguém contando histórias de terror quando uma bola de fogo aparece no céu e desce na sua direção. Foi perfeita a jogada!!!

Bem no meio da rodinha desceu aquela bola de fogo. O vento frio do outono patiense travou o músculo de alguns, que ficaram com mais medo ainda daquela esfera flamejante caindo. Um desses foi o Leonardo.

O cara não conseguiu levantar pra correr! Foi se arrastando de joelho no chão, tentando puxar o chão pra se salvar daquilo. Em vão. Sua mão não acertou o chão, acertou a sandália da Ana Lídia, que arrebentou quando ele puxou.

A Ana Lídia caiu no chão, morrendo de medo de tudo! Depois de uma bola de fogo, uma mão perdida agarra seu pé! E pior! Arrebenta sua sandália! Pensei que ela fosse passar mal! Foi o grito mais alto da noite!

Acho que dá pra imaginar porque sempre alguém lembra desse churrasco quando me encontra por lá né? 11 anos, e a imagem da bola de fogo permanece viva na memória de todos os que estavam lá. Tenho certeza que muitos vão contar essa história pros filhos.

Théo, viajou hein? Tava falando de momentos de rever a vida, crise existencial e de repente conta sobre o churrasco de aniversário de 12 anos?

É, conto mesmo. Rever a vida é isso. Ver onde se foi feliz, onde se foi triste. Analisar o que dava certo antes, e o que dá certo hoje. E principalmente, tentar resgatar o sorriso sincero e duradouro, aquele que você dá quando está com amigos de verdade. Aquele que você dá quando come uma comida que lembra a infância. Enfim, aquele sorriso que você dá quando lembra de uma bola de fogo descendo do céu não como um símbolo de destruição (alguém lembrou de Armagedon?), mas como uma brincadeira de criança...

Tá confuso o texto? Não gostou? Pode dar sua opinião. Ela é muito bem vinda. Mas não se sinta mal se eu não levá-la em consideração, ou até mesmo apague o seu comentário. Porque o nome do blog já diz, escrevi isso só pra passar o tempo...

Primeiro post a gente nunca esquece...

Olá para todos os que um dia chegarem a ler isso.

Sei que terei leitores fiéis, da época do Blog da Galera, onde acho que escrevi uns dos melhores textos da minha vida. Postei também algumas das melhores piadas, algumas das melhores fotos.

Enfim, espero conseguir ter além destes leitores fiéis alguns novos leitores. E dizer que os amigos-leitores não contam é mentira. Contam e muito na minha opinião. Aliás, as opiniões que mais contam pra mim são a dos meus amigos, que sempre são pessoas que nos ajudam a crescer, e dessa forma não fazem críticas vazias, simplesmente pelo prazer de cutucar.

A função desse blog não é contar minha vida. Não gosto de diários, apesar de ser fã de Doug.

Também não é falar de futebol (exclusivamente), apesar do endereço. O nome me surgiu agora. A url são duas coisas que eu gosto, e aprecio com moderação: cachaça e futebol, não necessariamente nessa ordem.

Cachaça eu aprecio com moderação porque não pretendo ser alcólatra. E futebol, porque sou sedentário.

Na verdade o que eu quero com esse blog é isso, simplesmente passar o tempo, expor algumas idéias, escrever uns textos de vez em quando, postar algumas fotos, algumas piadas. Tentar me reaproximar dos amigos velhos, me aproximar mais dos amigos novos, e quem sabe até fazer novos amigos.

Se vai dar certo? Se eu vou lembrar de postar aqui frequentemente? Tá, são perguntas válidas, mas pra que se preocupar com isso? To escrevendo só pra passar o tempo...

E além do mais, se não der certo, faço como os árabes. No dia de fechar o blog e passar a régua, escrevo no último post "Maktub" e fica tudo por isso mesmo...