sábado, 31 de maio de 2008

Terceiro post é que nem Brasileiro pro Flamengo: Obrigação!

Vou postar uma poesia que não é minha, nunca escrevi poesias.
Essa quem me mostrou foi uma pessoa muito especial. Fiquei com o enredo na cabeça durante grande parte da vida, mas o texto exato me fugiu. E, graças à tecnologia, achei a poesia de novo.
Ah, não vou dizer quem me mostrou essa poesia. Pros críticos de plantão, não é dor de corno nem ferida de amor mal curada, até porque essa pessoa não é mulher. Só to passando por um momento em que gostaria de preservar a imagem dessa pessoa.

Não sei o autor e nem o título da poesia, e isso eu realmente nunca soube.

Lá vai.

Um homem sofredor de um tédio permanente
buscava ao seu espírito conforto
e quem o livrasse da dor intermitente.
Qual náufrago ansiando por um porto
atravessou terras e mares visando encontrar
alguém que fosse capaz de o curar.
Um dia um sábio o tornou ciente
da existência de um médico célebre e afamado.
E eis que o homem, com o coração esperançado
diante do doutor se encontrou presente.
– Recorro a vós, senhor – disse o paciente –,
porque a dor que me martiriza
e que o espírito aflige de forma tão contundente
resulta de uma chaga que nunca cicatriza.
Tornei-me há tempos escravo de minha mente
e sofro hoje atroz hipocondria,
não posso evitar ser pensativo e doente
e por isso já nem sei o que é paz ou harmonia.
Sendo vós o mais sábio clínico do mundo,
médico notável e do peito humano auscultador profundo,
rogo-vos que cureis este mal inexorável
que o cérebro me embruma e me turva a visão.
Já não mais me pulsa o coração
e é com sacrifício que suporto uma cabeça
cujos pensamentos só me causam confusão.
Indagou então o médico:
– Já sentiste algum dia em teu peito
as chamas da paixão qual vendaval desfeito?
– Sim – respondeu o homem.
– E o amor – continuou ele –, já o conheceste?
– Sim, e procurei fazer dele bom proveito.
– E viajar, já viajaste?
– Sim. À Terra Santa, à Grécia e a grande parte do Oriente, depois de Paris, Florença e quase todo o Ocidente.
Mas de tudo me angustia uma lembrança
imorredoura, eterna, e uma insegurança por demais pungente.
– Amigo – concluiu o médico – só há no mundo um lugar
em que alento para tua terrível dor poderás encontrar.
Existe na Romênia, em Bucareste, um homem capaz
de todo o teu tédio seguramente aniquilar.
Esse homem singular, que a todos o riso inocente traz,
é um impagável palhaço a cujos gracejos ninguém pode resistir.
Talvez sua figura brejeira possa a gargalhada franca te restituir!
Subitamente, dos olhos tristes do homem que o ouvia,
brotou uma única lágrima que por sua face corria.
E foi com voz embargada e o peito dilacerado
que ele expôs a verdade em tom amargurado:
– Vejo, doutor, agora, que meu mal é incurável,
pois o palhaço de que falais, o palhaço aclamado,
tem um riso de morte, um riso mascarado,
e sente profundamente a dor do tédio e do cansaço.
Porque sou
eu, doutor, sou eu esse palhaço!

3 comentários:

Joking Joker disse...

O_O boqueaberto.. muito bonito, mesmo sendo melancólico!

Luciano PR disse...

Maneiro esse texto....
sinto que eu já o li em algum lugar, mas não me recordo de onde eu tirei ele...

mas muito bom!

angie disse...

Oi Théo
Meu pai declamava essa poesia para mim desde que me entendo por gente
Se quiser posso ver com ele o nome do autor.
Na realidade é uma autora
Um abraço,
MSM